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Antes de Rinaldi Faria, SBT hipotecou a própria sede para conseguir R$ 100 milhões

Empresário, que foi dispensado da emissora na noite de terça-feira (18), foi responsável por evitar o colapso financeiro da emissora fundada por Silvio Santos

Rinaldi Faria, de blazer azul e camisa clara, aparece sorridente em estúdio de televisão iluminado por luzes azuladas. Ao fundo, há prateleiras com objetos decorativos e cortinas escuras, compondo um cenário elegante de programa de TV
Rinaldi Faria evitou que finanças do SBT entrassem em colapso (foto: Reprodução/Rede Mais Família)

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Rinaldi Faria não será recordado na história do SBT por suas habilidades artísticas, mas sim por ter sido responsável por evitar que o financeiro da emissora entrasse em um colapso definitivo. Ele, com medidas vistas como impopulares por funcionários, celebridades e até mesmo outros executivos da rede, conseguiu fazer com que a empresa economizasse cerca de R$ 100 milhões em um ano. Pode parecer pouco, mas é o valor pelo qual a rede hipotecou parte de seu principal bem: o Centro de Televisão da Anhanguera, que abriga as instalações da empresa em São Paulo.

O TV Pop teve acesso, com exclusividade, aos documentos que ajudam a entender as dimensões dos problemas financeiros vividos pela emissora fundada por Silvio Santos (1930-2024) antes de Rinaldi Faria ter se tornado executivo da companhia, no final do ano passado. Em 5 de novembro, duas semanas antes da contratação do empresário, o SBT oficializou com o Banco do Brasil mais uma hipoteca de sua sede, com o intuito de obter um financiamento de R$ 20 milhões, que devem ser quitados até fevereiro de 2028.

Não foi a primeira vez em que o imóvel situado na rodovia Anhanguera serviu como garantia de pagamento de empréstimos contraídos pela emissora junto ao Banco do Brasil. Em abril de 2019, a mesma área foi utilizada como garantia de um financiamento de R$ 80 milhões, que deveriam ser quitados até abril de 2022. Neste caso, o SBT deveria arcar com o pagamento de juros de 4,5% ao ano. No empréstimo mais recente, de 2024, a instituição financeira foi mais benevolente, e a taxa de juros foi reduzida para 3,95% anuais.

SBT conseguiu dar lucro em 2024

É importante, porém, sinalizar que a emissora nunca deixou de arcar com seus compromissos financeiros, tampouco se tornou uma empresa deficitária. Mesmo em 2024, marcado por uma série de apostas malsucedidas dos executivos, a rede conseguiu dar lucro. Diferentemente do que havia sido especulado — chegou-se a falar em um prejuízo de R$ 100 milhões, o SBT encerrou o ano no azul, com um lucro de R$ 33,760 milhões. É mais do que em 2023, marcado pelo último ano de total administração de Silvio Santos, em que o canal teve um lucro de R$ 31,105 milhões.

Ao longo de 2024, o SBT gastou mais do que nunca com suas produções: foram R$ 916,105 milhões de custo operacional, contra R$ 832,461 milhões do ano anterior. O incremento de anúncios foi proporcional ao investimento feito pela rede, indo de R$ 1,149 bilhão para R$ 1,244 bilhão. A maior dificuldade da emissora foi com a desvalorização de seus ativos: em 2023, a empresa teve uma valorização de R$ 17,739 milhões de seu patrimônio total. Em 2024, o cenário da companhia passou a ser de perda contábil, com um déficit de R$ 2,022 milhões.

Foi justamente a dilapidação dos ativos que ligou o sinal de alerta na companhia. Apesar da lucratividade da operação, a perda contábil é vista como um sacrifício financeiro não planejado, que pode ter causas (ainda mais) desastrosas se não for rapidamente solucionada. Foi por isso que o SBT precisou recorrer ao crédito hipotecário e aos serviços de Rinaldi Faria, que chegou ao canal com a clara missão de cortar na carne — ou seja, cortar em custos operacionais (na produção e no orçamento de programas) e em pessoas, aumentando ao máximo a rentabilidade da emissora.

A hipoteca de segundo grau, feita pelo SBT, é um tipo de garantia real que permite ao proprietário de um imóvel oferecer uma segunda hipoteca sobre a mesma propriedade. Isso ocorre quando já existe uma hipoteca de primeiro grau. A hipoteca de segundo grau é uma alternativa eficiente para quem precisa de recursos financeiros adicionais, mas não deseja vender o imóvel ou quitar a hipoteca existente — por conta da pandemia de Covid-19, a emissora renegociou o período de pagamento da sua primeira hipoteca.

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